Momordica Charantia na Prevenção e Tratamento da Diabetes Mellitus
A Momordica Charantia, é uma planta medicinal da família Curcurbetaceae, que é vulgarmente conhecida por “melão-de-são-caetano”, “karela” ou “melão amargo”. Esta planta é reconhecida pelo seu sabor muito amargo e este é encontrado nas folhas, frutos, caules e outras partes da planta (Shingh, et al., 2011).
Na medicina, o fruto e o seu extracto em pó, possuem uma longa aplicação terapêutica no tratamento de diversas patologias, como na diabetes mellitus (Shingh, et al., 2011). Pois, os seus frutos, sementes, raízes e partes aéreas da planta, possuem atividade hipoglicemiante (Ahmed, et al.,2001; Choudhary, et al.,2012). Sendo estes mesmos, eficientes no tratamento da diabetes tipo II (Miura et al., 2004; Senanayake et al., 2004). Deste modo é uma das plantas medicinais mais amplamente estudada e investigada, para o tratamento da Diabetes Mellitus, desde os tempos antigos (Virdi, et al., 2003).
Foi demonstrado através de estudos científicos, que a momordica charantia apresenta um efeito similar à insulina (insulina-like) e isso deve-se à presença de componentes ativos, tais como, o ácido clorogénico e o ácido cafeico. Sendo que o ácido clorogénico ao inibir da glucose-6-fosfatase nos microssomas hepáticos diminui a glicogénese e glicogenólis e, consequentemente, reduz a hiperglicémia. Levando à inibição da glucose-6-fosfatase, aumentado desta forma, o transporte de glucose e a sua utilização. Por fim, parece estimular a secreção de insulina através de um aumento da produção de ATP (Malazy, et al., 2012) e exercer um efeito hipoglicémico, mesmo quando a maior parte das células-β são destruídas, indicando um efeito insulinomimético direto (Grover et al., 2001).
O efeito hipoglicemiante da planta, pode ser explicado por vários mecanismos de ação:
1. Aumento da utilização da glucose pelo fígado;
2. Diminuição da gliconeogénese, através da inibição das enzimas glucose-6-fosfatase e da frutose-1,6-biofosfatase;
3. Optimização da oxidação da glucose através da ativação da glucose-6-fosfato desidrogenase;
4. Aumento da absorção celular de glucose;
5. Promoção da libertação de insulina;
6. Potenciação do seu efeito.
Em relação aos constituintes fitoquímicos da momordica charantia, os responsáveis pelas propriedades hipoglicemiantes são: o péptido insulina-like, cucurbotanóides, alcalóides (mormodicina – responsável pelo característico sabor amargo), lecitina, glicosídeos e saponinas (Patel, et al., 2012; Leug, et al., 2009).
Como se sabe a diabetes mellitus é uma doença crónica ainda sem cura, que pode ser controlada pela dieta alimentar, actividade física, medicação oral e administração de insulina, a fim de manter os níveis adequados de glicose no sangue. O principal objectivo do tratamento é prevenir e atenuar possíveis complicações agudas e crónicas da doença. Sendo o uso terapêutico da momordica charantia uma mais-valia, no plano de tratamento global e complementar desta doença, tanto na prevenção como no tratamento da mesma.
Contra-indicações
No que diz respeito às interacções medicamentosas, esta pode potenciar o efeito da insulina e de anti-diabéticos orais, devido aos seus efeitos hipoglicemiantes, quando tomados em simultâneo.
Os pacientes devem ser aconselhados a uma monitorização restrita dos níveis de glicemia, caso associem esta planta medicinal ao seu plano de tratamento.
Contra-indicado ainda para gestantes, lactentes e pessoas com hipoglicemia.